Este ano, o Institute of Business Ethics conduziu uma investigação em oito países europeus (Alemanha, Espanha, França, Irlanda, Itália, Portugal, Reino Unido e Suíça). O seu objetivo passou por avaliar perceções e atitudes éticas no local de trabalho, a fim de identificar que desafios enfrentam hoje as organizações e qual deve ser o foco daqui para a frente.
A forte cultura corporativa tem-se revelado de extrema importância para a sustentabilidade a longo-prazo de uma organização. No sentido de continuar a cultivar esta dimensão, existem programas de ética que proporcionam às organizações ferramentas adicionais que as ajudam a integrar e implementar os seus valores centrais.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a recuperação económica em Portugal ganhou tração no ano passado, 2017, podendo observar-se o setor de negócios a responder ao aumento da procura e às melhorias da rentabilidade.
A OCDE avaliou o bem-estar em Portugal segundo vários indicadores, como se pode ver na Tabela 1.
Dos portugueses que tomaram parte na investigação conduzida no presente ano de 2018 pelo Institute of Business Ethics:
- 85% referem que se pratica honestidade sempre ou frequentemente nas operações diárias da organização em que trabalham.
- 35% já teve conhecimento de comportamentos de má conduta no trabalho, sendo o mais comum o tratamento inapropriado ou pouco ético dos indivíduos.
Crença em corrigir ética no trabalho
Cerca de metade destes trabalhadores decide não se manifestar quanto aos referidos comportamentos por acreditar que não se vem a tomar uma ação corretiva, por sentir que é algo que não lhe diz respeito ou, ainda, por receio de que tal possa colocar em risco o seu emprego.
Os portugueses que já se sentiram pressionados a comprometer padrões éticos (22%) admitem que essa pressão advém de limites de tempo, insuficiência de recursos e ordens de responsáveis superiores.
Em Portugal, é mais provável que seja referida a existência de meios através dos quais os colaboradores podem ser aconselhados acerca de como se comportar eticamente no trabalho, desde diretrizes escritas a aconselhamento e formações.
Confiança na Honestidade e Responsabilidade
Irlanda e Portugal encontram-se entre os países com uma visão mais positiva acerca da sua empresa no que diz respeito à prática de honestidade, contrastando com a Alemanha e França, que apresentam uma visão menos positiva.
Os trabalhadores suíços são os que se sentem mais confiantes de que a sua organização age de modo responsável em todos os seus negócios, sendo que os portugueses também revelam uma confiança acima da média neste aspeto.
Espanha e Portugal mostram uma maior tendência para identificar comportamentos de má conduta no local de trabalho, ao contrário do Reino Unido e da Alemanha.
Em média, 16% dos respondentes europeus referem já terem sentido alguma forma de pressão no sentido de comprometer os padrões éticos da empresa, sendo mais severo em Portugal (22%) e França (20%) e menos na Irlanda (11%).
Relativamente aos programas de ética proporcionados pelas empresas, o Reino Unido apresenta maior conhecimento da existência das diferentes dimensões dos programas, ao contrário do que acontece em França, sendo que Portugal se situa no meio da escala.
Os resultados do relatório do Institute of Business Ethics levantam várias questões.
Será que os colaboradores não estão a trabalhar de modo a fazer jus aos valores que a empresa defende? Ou será que o aumento do interesse pela ética permite identificar com maior facilidade atitudes e comportamentos incorretos?
Neste sentido, o Instituto sugere que os próximo desafios para as organizações passam por compreender as características dos indivíduos de diferentes gerações, algo fundamental para construir uma cultura baseada em valores éticos, bem como por assegurar aos funcionários a existência de procedimentos que incidem sobre má conduta no local de trabalho e de ações corretivas a serem tomadas quando necessário.
E hoje, o que pode cada um de nós fazer para realizar um bom trabalho assente em valores éticos?
Fonte: Dondé, G. (2018). Ethics at work: 2018 survey of employees – Europe. Institute of Business Ethics