São muitas as opiniões, mais ou menos fundamentadas, sobre o panorama atual da sociedade de trabalho e da liderança. Quero hoje referenciar um webinar que assisti no inicio da pandemia, conduzido por dois professors do IMD, professor Howard H. Yu e o professor Salvatore Cantale, que centrava-se na necessidade das empresas terem agilidade e orientação para a adoção de uma mentalidade focada na solução de problemas, tendo em conta o contexto pandémico atual.
O professor Cantale afirma que todas a previsões são vistas como “hobbies internacionais” dos economistas. No entanto, por vezes, estas previsões podem não funcionar tão bem como se pensava. Deste modo, o professor Cantele foca-se numa espécie de matriz, contrariando as previsões, criando três cenários possíveis.
- O primeiro passa pela erradicação completa ou lenta da COVID-19. Com a erradicação completa do vírus, o objetivo é que as pessoas sejam infetadas pelo mesmo com o intuito de obterem imunidade completa, acabando por acelerar a solução e o desaparecimento deste problema. Caso seja uma erradicação lenta, irá viver-se uma situação de pesadelo, caracterizado por um sofrimento a longo prazo.
- O segundo cenário concerne na persistência, no saber adaptar e aprender a conviver com o vírus.
- Por fim, o terceiro cenário incide sobre as epidemias que são recorrentes, ou seja, que numa primeira fase a reação esteja sob controlo, mas numa segunda possa ocorrer uma mutuação do vírus, novamente.
Relativamente à relação entre as implicações financeiras no setor financeiro (bancos) e na economia real (empresas e famílias), o professor Cantale assume que mesmo que o primeiro cenário pareça “insensível”, é a oportunidade de investir no mercado de ações. Pelo contrário, o terceiro cenário, pode despertar o fim dos negócios.
Deste modo, as empresas devem assumir uma postura ágil, e deverão estar orientadas para adaptar uma mentalidade interativa, aberta, com a partilha e a procura conjunta da solução de problemas. Dar ênfase à criatividade para pensar em novas opções.
Assim, torna-se fundamental que as organizações olhem para o que a concorrência está a fazer, bem como olhar para o seu próprio passado, a nível de valores e propósito, para seguidamente mobilizar recursos nessa direção. Segundo o professor Yu, em caso de dúvida, as empresas devem restabelecer os seus valores.
O que está a fazer na sua empresa para ser mais ágil, mais focado nas suas pessoas e nos seus valores? Dá que pensar!
Nélia Vicente
Partner