Analisando o artigo “The future of work after COVID-19”, By Susan Lund, Anu Madgavkar, James Manyika, Sven Smit, Kweilin Ellingrud, and Olivia Robinson, é possível fazer uma reflexão sobre o que poderão ser as futuras alterações no mundo do trabalho. Este relatório avaliou o impacto duradouro da pandemia na área do trabalho, a combinação de ocupações e as habilidades da força de trabalho exigidas em oito países com diversos modelos econômicos e de mercado de trabalho: China, França, Alemanha, Índia, Japão, Espanha, Reino Unido, e os Estados Unidos. Onde a principal discussão surge em torno da dimensão física do trabalho.
Este artigo analisa a proximidade física que existe em cada umas das profissões e os resultados foram os seguintes:

Se por um lado temos áreas em que o contacto físico é inevitável como os cuidados de saúde, por outro, algumas áreas que consideraríamos essenciais e de contacto físico vieram com esta pandemia ganhar um enorme crescimento no que é o comércio online, locais como lojas, supermercados e até serviços de restauração, vêm a sua interação física a diminuir de uma forma acentuada, devido à possibilidade do comércio online.
Durante a pandemia os sites de vendas online e as apps vieram para ficar e mesmo ir às compras ou ao supermercado ficou à distância de um clique. E é mesmo de esperar que estas empresas comecem a apostar em melhorar não só as suas tecnologias de acesso online como em aumentar o número de colaboradores nos centros de distribuição, onde não haverá contacto com o cliente, mas onde é esperado um aumento da quantidade de trabalho. Gerando assim um maior número de postos de trabalho.
Uma das áreas que se viu mais impulsionada no crescimento dos seus empregos foi a área da entrega e transportes, a par com o número de compras online que vinham a ser feitas durante a pandemia. Este tipo de práticas de comércio online veio para ficar, não só pelo fácil acesso, mas também pela comodidade de poder fazer compras em qualquer lugar e recebê-las no conforto do seu lar. “Aproximadamente três quartos das pessoas que usam canais digitais pela primeira vez durante a pandemia dizem que continuarão a usá-los quando as coisas voltarem ao “normal”, de acordo com pesquisas da McKinsey Consumer”.
Em relação ao trabalho de escritório, que é essencialmente baseado no trabalho feito com o uso do computador, o nível de proximidade física é moderado e em algumas funções reduzida. Nestas áreas o teletrabalho já não era novidade, em alguns países, existiam já muitas empresas a possibilitar este tipo de trabalho à distância, mas com a pandemia generalizou-se e embora tenha sido de uma forma forçada o teletrabalho parece ter ganho cada vez mais adeptos, seja da parte dos profissionais como das empresas.
Ele pode existir em diferentes modalidades, seja misto ou tempo inteiro, o teletrabalho permitiu a muitas pessoas descobrir uma nova rotina e organização do seu dia. Como resposta, as empresas adaptaram os seus canais de comunicação e hoje em dia as videochamadas parecem dominar os nossos dias. Estas são modalidades que fazem parte da normalidade diária e, apesar da distância, permitem-lhes comunicar de uma forma simples em qualquer parte do mundo, tornando uma parte dos processos mais céleres e menos “burocráticos”.
Outra mudança é a “proximidade” geográfica na modalidade online, o que levará à redução do que seriam as “viagens de negócios” e acabará por ter grandes repercussões em setores de atividade como a hotelaria e a restauração. Esta tendência, conjuntamente com a passagem pela pandemia, levou à automação de várias funções e à redução de muitos postos de trabalho.
No pós-pandemia é cada vez mais evidente que uma das grandes mudanças que está a acontecer na sociedade é o teletrabalho. O artigo da McKinsey defende que “cerca de 20 a 25% da força de trabalho nas economias avançadas poderia trabalhar em casa entre três e cinco dias por semana. Isso representa quatro a cinco vezes mais trabalho remoto do que antes da pandemia e pode levar a uma grande mudança na geografia do trabalho, à medida que indivíduos e empresas mudam de grandes cidades para subúrbios e pequenas cidades.”
O resultado desta tendência será que todos os negócios que viviam em torno dos grandes centros de negócio sofram uma redução acentuada, assim como os transportes públicos. E, se por um lado, isto poderá representar perdas económicas, por outro poderá representar oportunidades de negócio similares em zonas locais e até em zonas mais interiores dos países.
Prevê-se ainda que a pandemia afete os mercados económicos e os números de desemprego, sobretudo em áreas onde a inteligência artificial possa substituir o trabalho humano, juntando a este fator temos o aumento dos mercados online que irão reduzir o número de colaboradores no atendimento direto ao cliente. Por isso, prevê-se que “nos oito países em foco, mais de 100 milhões de trabalhadores, ou 1 em cada 16, precisarão encontrar uma ocupação diferente até 2030”.
Prevê-se que estes colaboradores tenham de transacionar para profissões mais complexas do que as atuais e que por isso é necessário investir em formação. Assim como os governos deverão atuar com políticas que ajudem a facilitar estas mudanças no mercado de trabalho, as empresas deverão estar atentas ao desenvolvimento e atualização de competências e ao impacto que esta transformação social está a ter na saúde e bem-estar dos seus colaboradores.
Referência bibliográfica:
https://www.mckinsey.com/