Serve a presente apreciação para averiguar o impacto da música nos níveis de ansiedade do colaborador, procurando compreender os mecanismos que permitem uma minimização do stress.
Numa fase final, será necessário ponderar a utilização deste tipo de conteúdos em contexto profissional, analisando brevemente os possíveis resultados esperados.
O que é que a ciência diz
Atualmente, a música está visivelmente presente no quotidiano dos agentes sociais. Seja por questões contextuais, preferenciais ou até mesmo comportamentais.
Assim, além de ser utilizada para fins de entretenimento, as faixas musicais podem produzir reações fisiológicas que permitem a redução dos níveis de stress.
Tais resultados devem-se ao aumento dos níveis de dopamina nos sistemas de recompensa. Aumento este que deriva do prazer proveniente da escuta de conteúdos musicais apreciados.
Para além disso, são também ativadas as áreas do cérebro que regulam a atenção, e o processamento da linguagem.
Por consequência, os níveis de cortisol, que nada mais são do que a hormona do stress, são reduzidos.
Segundo Fallon et al. (2019) os estudos efetuados, no decorrer da sua investigação, conseguiram analisar as alterações fisiológicas dos participantes, que demonstraram um quadro de insatisfação, irritabilidade e desassossego após o decorrer de uma tarefa de stress.
Posteriormente, foi realizada uma sessão de recuperação, onde se verificou que, ao contrário do grupo de controlo que não experienciou nenhuma intervenção musical, o grupo que ouviu uma compilação de faixas musicais previamente elegidas, revelou uma considerável diminuição dos níveis de stress. (Fallon et al., 2019)
A música, uma das principais estratégias de regulação de emoções
Assim, Thayer, Newman e McClain (1994) identificam a música, como uma das principais estratégias de regulação de emoções e argumentam que voluntária ou involuntariamente, os sujeitos procuram através da audição deste tipo de conteúdos modificar o seu estado de espírito.
Por isso, dependendo do motivo pelo qual o indivíduo escolha ouvir música, o cérebro apresentará reações e mecanismos distintos que permitem ao indivíduo atingir o estado emocional que almeja.
Mecanismos como os reflexos primários que advém do ritmo e batida musical, associações de músicas a momentos e experiências passadas, criação de situações e imagens mentais, influência do estado de espírito do sujeito mediante o teor emocional das canções tocadas. Por exemplo, se o propósito da escuta resultar de uma necessidade de relaxar, o sujeito poderá recorrer à influência emocional de músicas calmas para tranquilizar o seu estado de espírito. (Van Goethem & Sloboda, 2011)
No que concerne à utilização da música para fins profissionais e para aumento de desempenho, é possível constatar que o stress, enquanto reação portadora de sintomas físicos, psicológicos e comportamentais afeta o desempenho do colaborador. Neste sentido, é de total interesse empresarial que os níveis de stress não perdurem em contexto organizacional.
Como tal, autores como Jiang, Rickson e Jiang (2015) relataram que a escolha individual das músicas escutadas em contexto profissional permite uma diminuição dos níveis de ansiedade. Estes resultados justificam-se através da teoria da avaliação que afirma que as emoções geradas pelo ser humano resultam de uma representação do evento e não do próprio evento.
Assim, se for o próprio a selecionar as faixas musicais, este escolherá apenas aquelas que lhe prometam proporcionar emoções gratificantes, recorrendo desta forma aos mecanismos cerebrais enunciados. (Silva, 2017)
Bibliografia:
da Silva, F. M. A. (2017). O papel da música no contexto laboral na relação entre stress, qualidade de vida no trabalho e desempenho (Doctoral dissertation, ISCTE-Instituto Universitario de Lisboa (Portugal)).
Van Goethem, A., & Sloboda, J. (2011). The functions of music for affect regulation. Musicae scientiae, 15(2), 208-228.
Fallon, V. T., Rubenstein, S., Warfield, R., Ennerfelt, H., Hearn, B., & Leaver, E. (2020). Stress reduction from a musical intervention. Psychomusicology: Music, Mind, and Brain, 30(1), 20.
Uhlig, S., Jaschke, A., & Scherder, E. (2013). Effects of music on emotion regulation: A systematic literature review. In The 3rd International Conference on Music & Emotion, Jyväskylä, Finland, June 11-15, 2013. University of Jyväskylä, Department of Music.